- Revisitar Michael Polanyi: o passado e o presente da 'República da Ciência'
Mesa Redonda c / Gilson Leandro Queluz, Mário Lopes Amorim, Luiz Ernesto Merkle.
Breve introdução
Michael Polanyi (1891-1976) |
Michael
Polanyi foi
assim um químico proeminente, importante filósofo e sociólogo da ciência na história do
pensamento ocidental – embora algo esquecido nos tempos que correm. Vem aliás já noutro contexto histórico e cultural a primeira tradução em português
da sua obra (Eduardo Beira, 2013). As circunstâncias do seu pensamento são
diferentes ontem e hoje. No passado o peso da história teve sem dúvida uma
influência assinalável nas suas posições. Tanto o contexto histórico como o
cultural alteraram-se dramaticamente. A onda neoliberal, cavalgando as últimas
reminiscências da identidade europeia, bem como a assunção generalizada dos
pressupostos e princípios de uma globalização anglo-saxónica, vem ameaçar o
edifício da ciência ocidental na sua matriz cultural europeia. Na história da
ciência, Polanyi é sobretudo referido pelos historiadores como individualidade
que polemizou com John Desmond Berna,
deixando crítica contra o planeamento / ‘planificação’ central de todo o género,
incluindo a área da investigação científica e tecnológica – Polanyi, aliás, opunha-se
à visão científica do materialismo dialéctico e do
regime soviético. Destacou-se no debate público por se posicionar como um
defensor da liberdade científica, esse espírito livre de inquirição, e do
auto-governo da ciência, essa capacidade de auto-regulação que os mecanismos da
República da Ciência proporcionariam, nomeadamente por via de uma avaliação
entre pares assente no critério do interesse científico. Polanyi veio então, no significativo contexto dos
anos 30 e depois no segundo pós-guerra, alertar senão mesmo denunciar uma
mudança na opinião pública relativamente à visão que prevalecia sobre a ciência
e o conhecimento de uma maneira geral. Assume então uma posição pelo amor ao
conhecimento per si, pela busca da
verdade, e denunciando a postura de utilidade perante o conhecimento, defendendo
que as considerações “utilitaristas” não cabiam nas preocupações do verdadeiro cientista
– configurando-se nele aquela que permanecerá para muitas gerações a posição clássica da 'torre de marfim'.
Leitura obrigatória
- POLANYI, Michael, 2013. Ciência e Tecnologia. Uma selecção de textos, tradução de Eduardo Beira, IN+ Center for Innovation, Technology and Public Policy, Inovatec (Portugal).
- BERNAL, John Desmond, 1939. The Social Function of Science, Routledge, 1946 (1.ª ed. 1939).
Formato:
Breves intervenções de 5-10 minutos, seguindo-se debate alargado.
Duração 2 horas.